Quando se fala em emprego, o Rio Grande do Norte tem um conflitos a resolver. De um lado, empresários - principalmente dos setores da construção civil, do comércio e de serviços - reclamam que não há mão-de-obra qualificada. Do outro, números oficiais mostram que o desemprego ainda atinge pelo menos 200 mil pessoas e suas famÃlias. Entre esses dois universos, há um abismo cujo nome completo é falta de educação, no sentido completo, desde conhecimentos básicos à expressão verbal e corporal. Para os especialistas em recursos humanos, é preciso mais do que certificados e diplomas para estar no mercado de trabalho, é preciso atitude. Mas eles reconhecem que, sem uma base forte no sistema público de ensino e até mesmo na polÃtica de assistência social, a massa que apenas quer ter dinheiro para sobreviver não se transformará em força de trabalho para que o estado acompanhe o ritmo dos investimentos que estão por vir.
Os lojistas do shopping Midway Mall, o maior de Natal, ainda não conseguiram preencher todas as 800 vagas temporárias que abriram em novembro. “O pessoal vem querendo fazer qualquer coisa e vender não é qualquer coisaâ€, diz o presidente da Associação de Lojistas do shopping (Alomid), Edmilson Teixeira, que chama a atenção para o fato de muitos candidatos não saberem ler, escrever ou se expressar de forma básica para quem quer trabalhar no comércio.
De acordo com a sub-secretária estadual do Trabalho e coordenadora do Sistema Nacional de Empregos do RN (Sine RN), Alcina Holanda, os setores onde há maior demanda são comércio e serviços, com destaque para o turismo. Ela acredita que eles se manterão como focos de novas vagas e a construção civil, tendo em vista o superaquecimento do mercado imobiliário e o inÃcio das obras no litoral do estado, se unirá a este grupo com uma forte busca por trabalhadores.
A perspectiva de aumento da necessidade de pessoal nos próximos anos preocupa o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon RN), SÃlvio Bezerra. Ele destaca que, apesar da queda no número das contratações no setor (veja gráfico na página 10), a busca por mão-de-obra qualificada é intensa. E a exigência não chega ao nÃvel da graduação - segundo ele, engenheiros e arquitetos não faltam. O problema está no nÃvel intermediário, com os “profissionaisâ€, categoria onde, na construção civil, se encaixam trabalhadores treinados como pedreiros, carpinteiros e eletricistas. “Servente (ajudante de pedreiro) tem sobrando. Quem não sabe ler e escrever vira serventeâ€, diz SÃlvio, “é tanto que as grandes empresas estão treinando pessoal por conta própriaâ€.
Outro setor onde a busca por profissionais é intensa é o de petróleo e gás. Devido à necessidade de ter pessoal qualificado nas empresas que lhe prestam serviço, a Petrobras firmou parcerias e criou um programa para mobilizar o setor, o Prominp. Já foram abertas 652 vagas para cursos gratuitos no RN, mas a procura por funcionários treinados é tão grande que, somente em 2008, estão previstas mais 1,8 mil novas vagas. Segundo a Petrobras, a dificuldade maior no setor é de encontrar profissionais qualificados em áreas ligadas à construção e montagem.
Fonte: Jornal Tribuna do Norte