Pesquisa da CNM com mais de 4 mil Municípios mostra resposta do poder público local à Covid-19

10/09/2020

A Confederação Nacional de Municípios (CNM) realizou pesquisa nacional, com 4.061 Municípios, ou 73% das cidades brasileiras, para entender como o poder público local atuou na prevenção e no controle da Covid-19. O levantamento inédito - e de maior abrangência no Brasil até o momento - ocorreu entre março e agosto por meio de um questionário com o prefeito, chefe do Poder Executivo municipal, ou o responsável pela secretaria à frente das ações emergenciais.

Desde o reconhecimento da pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS), no dia 11 de março, é possível perceber que os governos municipais passaram a contar com maior responsabilização político-administrativa. Antes mesmo de os governos estaduais e federal definirem diretrizes, eles adotaram um conjunto de medidas não farmacológicas para controle do vírus.

Vale lembrar que o Ministério da Saúde publicou o documento Covid-19: Estratégia de gestão de riscos, avaliação de riscos, diretrizes e instrumentos para apoio à tomada de decisão na resposta à pandemia de Covid-19 em nível local em 11 de maio. De acordo com a pesquisa da CNM:

- 96,5% dos Municípios tiveram medidas restritivas para diminuição da circulação/aglomeração de pessoas;

- 52,4% adotaram barreiras sanitárias, com posto de monitoramento de entrada e saída de pessoas no Município;

- 75,7% estabeleceram “isolamento social” e abertura/funcionamento apenas dos serviços essenciais;

- 94,2% dos Municípios publicaram norma municipal para uso obrigatório de máscaras faciais;

- 54,4% reduziram oferta de transporte público;

- 61,9% reconheceram que houve flexibilização das medidas restritivas durante o período da pesquisa.

Atuação na saúde

Entre as ações para diagnosticar o novo coronavírus: 3.414 promoveram testagem de sintomáticos; 2.808 testaram grupos prioritários – profissionais de saúde, segurança e assistência social; e 1.210 o fizeram com assintomáticos.

Na Atenção Primária/Básica, que é a porta de entrada para os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), 3.869 gestores afirmaram que distribuíram equipamentos de proteção individual (EPIs) para todos os membros das equipes; 3.650 distribuíram máscaras para usuários dos serviços suspeitos da Covid-19; 3.577 mantiveram as visitas domiciliares de agentes comunitários de saúde; 3.472 estabeleceram fluxos de encaminhamento de casos suspeitos para unidades de referência; 3.424 separaram sintomáticos e assintomáticos no momento da recepção/acolhida nas Unidades Básicas de Saúde; 3.096 fizeram busca ativa por casos; e 2.071 definiram unidades exclusivas para atendimento da Covid-19.

A CNM destaca que o atendimento da atenção básica é de responsabilidade exclusiva dos Municípios e tem sido essencial para prevenir a propagação do vírus e realizar o diagnóstico, o tratamento de casos mais leves e o direcionamento dos mais graves para níveis de atendimento superiores em complexidade.

Leitos hospitalares

Nesse sentido, constatou-se que, na Rede de Serviços de Média e Alta Complexidade: 63% dos Municípios afirmaram possuir leitos hospitalares exclusivos para Covid-19. Desses, 56,2% responderam que não eram leitos próprios, o que já era esperado, pois cabe à gestão municipal os serviços de baixa e média complexidade. Como alternativa, ocorrem as contratações com a iniciativa privada pagas pela própria administração municipal ou pelo Estado - realidade de 33,8% e 35,9%, respectivamente, entre os 2.560 que responderam. Ainda nesse universo, 44,6% aumentaram o número de leitos de UTI Adulta e 79,9% tinham respiradores para os pacientes do novo coronavírus.

A maior responsabilidade municipal frente ao combate à Covid-19 também ficou evidente na aquisição de EPIs: 3.816 fizeram aquisição própria; 2.225 receberam do Estado; 664, do governo federal; e 824 compraram via consórcio público intermunicipal.

Para garantir agilidade na resposta, especialmente nos processos administrativos, e possibilitar ao Ente municipal recebimento de repasses federais por vários ministérios, 59,7% dos Municípios editaram decreto de calamidade pública. E 79,3% tiveram decretos municipais de emergência.

Universidade de Oxford

Com parceria firmada entre a CNM e pesquisadores da Universidade de Oxford, os dados foram disponibilizados para análise do grupo. Entre os resultados, o paper mostra que o fechamento precoce e coeso de atividades não essenciais durou pouco e suspensão das medidas de distanciamento social vem ocorrendo de forma assíncrona. Confira o estudo preliminar e o release da pesquisa de Oxford.

Da Agência CNM de Notícias.

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